O jornal Valor Econômico (26/01/2012) trouxe um artigo assinado por Martin Wolf, publicado originalmente no Financial Times, traduzido por S. Blum, onde o autor procura apontar saídas para a crise do sistema capitalista, como se vê no título: "As 7 lições para consertar o capitalismo". A fim de socializar a leitura produzi essa síntese. Observe que se trata de um entusiasta do sistema capitalista. Algumas medidas que propõe estão na pauta da esquerda.
1ª Lição. A INSTABILIDADE É INERENTE AO CAPITALISMO. A experiência tem refutado a visão de que a economia capitalista moderna é inerentemente estável. Segundo H. Minsky, períodos de estabilidade e prosperidade semeiam as sementes de sua queda, portanto, a instabilidade é a lógica do sistema.
Descartado o retorno ao padrão ouro do século XIX ou a supressão do sistema bancário, três possíveis saídas: a) reconhecer que crises são inerentes ao capitalismo de mercado; b) a supervisão sobre o sistema financeiro como um todo (política macroprudencial); c) o governo e suas agências (inclusive o BC) devem evitar erros cometidos no pré crise quando atuaram como forças desestabilizadoras.
2ª Lição. O SISTEMA FINANCEIRO É FRÁGIL. O sistema financeiro apresenta uma fragilidade, permitindo abusos que levam ao colapso. A tarefa é proteger o mundo financeiro da economia e a economia do mundo financeiro.
Limitações devem ser impostas as instituições financeiras e as autoridades devem intervir ao sinal de que elas perderam a capacidade de financiar-se.
3ª Lição. O PROBLEMA DA DESIGUALDADE É IMPORTANTE. Segundo a OCDE, países de alta renda têm registrado grandes aumentos na desigualdade. Como a desigualdade varia de país para país, percebe-se que estruturas econômicas e políticas econômicas modificam os resultados.
É necessário uma redistribuição fiscal; subsídio ou disponibilização direta de postos de trabalho; investir na melhoria da qualidade da educação e nos cuidados com a infância, acrescenta o autor, inclusive financiamento político do acesso ao ensino superior.
4ª Lição. DE OLHO NO GERENCIAMENTO DAS EMPRESAS. As companhias não tem donos. Funcionnários de alto escalão manipulam resultados. Acionistas não conseguem controlar. - Não existe remédio simples.
É vital incentivar a criação de conselhos diretores genuinamente independentes, diversificados e bem-informados. Transparência na remuneração. Os governos não devem intervir, exceto em bancos com interesse social.
5ª Lição. OS IMPOSTOS TEM PAPEL DECISIVO. O papel fundamental da tributação: são os impostos que determinam a disponibilização dos serviços públicos e pode fazer a diferença no que diz respeito a desigualdade. Assim: a) eliminar os incentivos às alavancagem, tanto a pessoa física como empresas; b) Tratar ações e dívidas das empresas em iguais condições; c) transferir a carga tributária da renda para o consumo e a riqueza; d) assegurar que as pessoas ricas paguem impostos.
6ª Lição. COMBATER A PLUTOCRACIA. Cuidar da relação dos ricos com a política democrática. Na ausência de proteção para o mundo político o resultado é a plutocracia. Proteger a política democrática contra a plutocracia um dos maiores desafios para a saúde das democracias.
A saída é a regulamentação do uso do dinheiro nas eleições e da disponibilização de recursos públicos para as pessoas nelas envolvidas (Financiamento público dos partidos e das eleições).
7ª Lição. O CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO É GLOBALIZADO. O problema da globalização do capitalismo: se a regulamentação for em nível nacional ruma-se para o fim da globalização; se a regulamentação for em nível mundial avança o processo da globalização.
Elementos para regulamentação mundial: mercados abertos; estabilidade monetária e financeira; segurança; e proteção do ambiente. Avançamos para uma maior governança em nível mundial.
A ideia é despertar o interesse da leitura na íntegra do texto. Convencido de que o capitalismo é o que de melhor a humanidade já produziu e que ainda falta muito para avançar, o autor defende que se reforme o sistemna para que ela possa sobreviver.
EDERALDO BATISTA
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